A síndrome do coração partido
de situações de estresse e afeta especialmente mulheres acima de 65 anos
não cardíaca. Os índices revelam que 80% dos casos confirmados ocorrem em mulheres.
Os primeiros relatos da síndrome do “coração partido” surgiram no Japão no início dos anos 90. Em 2001, o primeiro estudo com 88 pacientes foi divulgado na revista do American College of Cardiology e, após essa primeira publicação, novos casos foram relatados em países do Ocidente. Conhecida cientificamente como Acinesia Apical Transitória, a síndrome do “coração partido” foi batizada pelos japoneses de síndrome de Takotsubo, ou síndrome da Armadilha de Polvo, porque suas imagens no cateterismo cardíaco assemelham-se às armadilhas usadas pelos pescadores para apanhar polvos. Aqui no Brasil, vários casos já foram diagnosticados no Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras (INCL).
Os sintomas simulam um infarto agudo do miocárdio com dor no peito, menos intensa que o habitual, com alterações no eletrocardiograma e nas enzimas cardíacas. O ecocardiograma e a cinecoronariografia selam o diagnóstico, revelando falha na contração da ponta do ventrículo esquerdo com as artérias coronárias sempre normais, sem obstruções. Na fase aguda, podem ocorrer arritmias graves e o paciente deve ser internado em uma unidade de tratamento intensivo.
A causa que leva a este quadro ainda não está bem esclarecida, mas várias teorias apontam para a liberação de hormônios adrenalina e nor-adrenalina nos casos de estresse, que atuariam sobre a inervação da ponta do coração, impedindo sua contração. Apesar de ainda existirem várias controvérsias a respeito das causas, há consenso que, após a fase aguda, a recuperação do coração é espontânea e total, não deixando seqüelas, e são raras as repetições do quadro.
O mais importante ainda ninguém respondeu: porque a síndrome ocorre praticamente só em mulheres acima dos 60 anos? O coração feminino é realmente mais delicado que o do homem e se “quebra” com mais facilidade em caso de fortes emoções? E as mulheres jovens, seus corações não são tão sensíveis como o de suas mães e avós? Enquanto todas essas perguntas não forem respondidas, as pesquisas continuarão a entreter os especialistas na busca da prevenção. Em pleno século XXI, a medicina cria uma hipótese intrigante e coloca a natureza feminina em questão. Se comprovarem que o “coração partido” é uma peculiaridade feminina, como explicar a negativa de que as mulheres não são o “sexo frágil”? Fica no ar mais uma pergunta a ser respondida pelas pesquisas.
* Augusto Bozza é diretor médico do Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras (INCL) no Rio, hospital referência em coração do Ministério da Saúde.
Fonte: Isto É Gente
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