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sexta-feira, 7 de março de 2008

Teorias de Desenvolvimento - WINNICOTT

A TEORIA


Para Winnicott (1979/1983 ), cada ser humano traz um potencial inato para amadurecer, para se integrar; porém, o fato de essa tendência ser inata não garante que ela realmente vá ocorrer. Isto dependerá de um ambiente facilitador que forneça cuidados suficientemente bons, sendo que, no início, esse ambiente é representado pela mãe. É importante ressaltar que esses cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responderá ao ambiente de forma própria, apresentando, a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes.





Assim, podemos pensar que, se amadurecer significa alcançar o desenvolvimento do que é potencialmente intrínseco, possíveis dificuldades da mãe em olhar para o filho como diferente dela, com capacidade de alcançar certa autonomia, podem tornar o ambiente não suficientemente bom para aquela criança amadurecer. Não basta, apenas, que a mãe olhe para o seu filho com o intuito de realizar actividades mecânicas que supram as necessidades dele; é necessário que ela perceba como fazer para satisfazê-lo e possa reconhecê-lo em suas particularidades.
Num artigo intitulado “A mãe dedicada comum”, escrito em 1966 e publicado numa colectânea de conferências e palestras radiofónicas, Winnicott descreveu um estado psicológico especial, um modo típico que acomete as mulheres gestantes no final da gestação e nas semanas que sucedem o parto. Nessa palestra, o autor nos conta como, em 1949, surgiu quase que por acaso a expressão "mãe dedicada comum", que serviu para designar a mãe capaz de vivenciar esse estado, voltando-se naturalmente para as tarefas da maternidade, temporariamente alienada de outras funções, sociais e profissionais.
Trata-se, pois, de uma condição psicológica muito especial, de sensibilidade aumentada, que Winnicott chega a comparar a uma doença, uma dissociação, um estado esquizóide, que, no entanto, é considerado normal durante esse período.
Winnicott afirma que, na base do complexo de sensações e sentimentos peculiares dessa fase, está um movimento regressivo da mãe na direcção de suas próprias experiências enquanto bebé e das memórias acumuladas ao longo da vida, concernentes ao cuidado e protecção de crianças.
Tão gradualmente como se instala, em condições normais, o estado de “preocupação materna primária” deve dissipar-se. Essas condições incluem a saúde física do bebé e da mãe, após um parto não traumático, uma amamentação tranquila e pouca interferência de elementos stressantes.
Após algumas semanas de intensa adaptação às necessidades do recém–nascido, este sinaliza que seu amadurecimento já o torna apto a suportar as falhas maternas. A mãe suficientemente boa deve compreender esse movimento do bebé rumo à dependência relativa e a ele corresponder, permitindo-se falhas que abrirão espaço ao desenvolvimento.
De fato, na obra de Winnicott (1979/1983; 1988/2002) encontramos que a capacidade das mães em dedicar a seus filhos toda a atenção de que precisam, atendendo suas necessidades de alimentação, higiene, acalento ou no simples contacto sem actividades, cria condições para a manifestação do sentimento de unidade entre duas pessoas. Da relação saudável que ocorre entre a mãe e o bebé, emergem os fundamentos da constituição da pessoa e do desenvolvimento emocional-afetivo da criança.
A capacidade da mãe em se identificar com seu filho permite-lhe satisfazer a função sintetizada por Winnicott na expressão holding. Ela é a base para o que gradativamente se transforma em um ser que experimenta a si mesmo. A função do holding em termos psicológicos é fornecer apoio egóico, em particular na fase de dependência absoluta antes do aparecimento da integração do ego. O holding inclui principalmente o segurar fisicamente o bebé, que é uma forma de amar; contudo, também se amplia a ponto de incluir a provisão ambiental total anterior ao conceito de viver com, isto é, da emergência do bebé como uma pessoa separada que se relaciona com outras pessoas separadas dele.
Winnicott (1979/1983) também coloca que a mãe, ao tocar seu bebé, manipulá-lo, aconchegá-lo, falar com ele, acaba promovendo um arranjo entre soma (o organismo considerado fisicamente) e psique e, principalmente ao olhá-lo, ela se oferece como espelho no qual o bebé pode se ver.
Na visão winnicottiana, já nos primórdios da existência, é fundamental para a constituição do self o modo como a mãe coloca o bebé no colo e o carrega; dá-se, assim, a continuidade entre o inato, a realidade psíquica e um esquema corporal pessoal.
O holding é necessário desde a dependência absoluta até a autonomia do bebé, ou seja, quando os espaços psíquicos entre este e sua mãe já estão perfeitamente distintos.
Winnicott (1976/1983), visando mostrar a pais leigos a importância do que eles faziam naturalmente, traz uma descrição mais concreta do que está envolvido no holding:
Protege da agressão fisiológica, leva em conta a sensibilidade cutânea do lactente – tacto, temperatura, sensibilidade auditiva, sensibilidade visual, sensibilidade à queda (acção da gravidade) e a falta de conhecimento do lactente da existência de qualquer coisa que não seja ele mesmo. Inclui a rotina completa do cuidado dia e noite, e não é o mesmo que com dois lactentes, porque é parte do lactente, e dois lactentes nunca são iguais. Segue também as mudanças instantâneas do dia-a-dia que fazem parte do crescimento e do desenvolvimento do lactente, tanto físico como psicológico (Winnicott, 1979/1983, p.48).
Em sua teoria, conforme colocado anteriormente, afirma que o “estado de preocupação materna primária” implica em uma regressão parcial por parte da mãe, a fim de identificar-se com o bebé e, assim, saber do que ele precisa, mas, ao mesmo tempo, ela mantém o seu lugar de adulta. É, ainda, um estado temporário, pois o bebé naturalmente passará da “dependência absoluta” para a “dependência relativa”, o que é essencial para o seu amadurecimento.
A dependência absoluta refere-se ao fato de o bebé depender inteiramente da mãe para ser e para realizar sua tendência inata à integração em uma unidade. À medida que a integração torna-se mais consistente, o amadurecimento exige que, vagarosamente, algo do mundo externo se misture à área de omnipotência do bebé. Ser capaz de adoptar um objecto transaccional já anuncia que esse processo está em curso e, a partir daí, algumas mudanças se insinuam. O bebé está passando para a dependência relativa e pode se tornar consciente da necessidade dos detalhes do cuidado maternal e relacioná-los, numa dimensão crescente, a impulsos pessoais.
No início da passagem da dependência absoluta para a dependência relativa, os objectos transaccionais exercem a indispensável função de amparo, por substituírem a mãe que se desadapta e desilude o bebé. A transaccionalidade marca o início da desmistura, da quebra da unidade mãe-bebê.
Na progressão da dependência absoluta até a relativa, Winnicott (1988/2002) definiu três realizações principais: integração, personificação e início das relações objectivas.
É nesse período de dependência relativa que o bebé vive estados de integração e não integração, forma conceitos de eu e não – eu, mundo externo e interno, estágio de concernimento, podendo então seguir em seu amadurecimento, no que o autor denomina independência relativa ou rumo à independência. Aqui, o bebé desenvolve meios para poder prescindir do cuidado maternal. Isto é conseguido mediante a acumulação de memórias de maternagem, da projecção de necessidades pessoais e da introjeção dos detalhes do cuidado maternal, com o desenvolvimento da confiança no ambiente.
É importante ressaltar que, segundo Winnicott, a independência nunca é absoluta. O indivíduo sadio não se torna isolado, mas se relaciona com o ambiente de tal modo que pode se dizer que ambos se tornam interdependentes.


A OBRA


As três funções maternas
Nos primórdios da vida, as necessidades do bebê por certo são de ordem corporal, mas há também necessidades ligadas ao desenvolvimento psíquico.
A adaptação da mãe a essas necessidades do bebê concretiza-se através do emprego de três funções maternas;
A apresentação do objeto
O holding
O handling





O self verdadeiro
“ O gesto verdadeiro espontâneo é o self verdadeiro em ação. Só o verdadeiro self pode ser criador e só o verdadeiro self pode ser sentido como real”
A mãe suficientemente boa
Durante os primeiros meses de vida do filho, identifica- se estreitamente com ele.
A mãe insuficientemente boa
Pode corresponder a uma mãe real ou a uma situação.’’não é um nome dado a uma pessoa, mas à ausência de alguém cujo apego à criança seja simplesmente comum”


Fase da Dependência Absoluta
• Total dependência do meio – Primeiros 6 meses
• O bebê desconhece seu estado de dependência
• “Mãe dedicada comum” - Um estado psicológico
Fase da Dependência Absoluta
(Distúrbios psíquicos)
Efeitos causados pela mãe insuficientemente boa.
Patologias da personalidade:
Esquizofrenia infantil ou autismo/Esquizofrenia Latente/Estado limítrofe/Construção da personalidade com base num falso self /Personalidade esquizóide.
“Mãe dedicada comum” - Um estado psicológico
Possibilidade de cura: redirecionamento dos processos de maturação da primeira infância
Fase da Dependência Relativa
Compreende de 6 meses a 2 anos.
Trata-se de uma fase onde a mãe intervem de uma maneira frequente na vida da criança.
Nesta fase começa a reconhecer objetos e passos. Porém percebe a mãe de uma maneira unificada, pensa que esta relacionando com duas mães.
Mãe suficientemente boa
Mãe insuficientemente boa
Durante essa fase, a mãe suficientemente boa, é a mãe que sobrevive.
Os fenômenos transicionais
• Ocorre no segundo semestre da vida
• Quando após a fase de ilusão, enfrenta a desilusão.
• Após a difícil experiência geradora de angustia, a criança desenvolve algumas atividades observadas por Winnicott na vida cotidiana dos bebês.
1 – O bebê leva a boca junto com algum objeto externo
2 - Segura um pedaço de tecido
3 - Surgem algumas atividades bucais sons; ruídos e balbucios
• Essas atividades tem uma característica comum, de uma importância vital para a criança.
• Vem alojar-se num espaço intermediário entre a realidade interna e externa.
PS.: O presente texto acima foi uma junção d pesquisas expostas numa apresentação da disciplina Psicologia Evolutiva/Desenvolvimento, pelos alunos :
Luciana Bitencourt /Luciana Teixeira /Marcos Gleiser /Naguio Martiniano /Nathalee



Bibliografia

Nasio, Juan David. Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan. In: Winnicott. 1 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995. p.177-201.

WINNICOTT, Espaço. Winnicott – A Cultura Familiar, disponível em internet. http//www.espacowinnicott.com.br – Acesso em 28 fev. 2008

7 comentários:

Anônimo,  8 de abril de 2008 às 17:13  

Olá!
Sou estudante do 3º semestre de Psicologia e fiquei maravilhada com seu texto. Farei hj uma prova sobre alguns principios de Winnicott e esse texto me ajudou e muito, meu Parabéns...

Anônimo,  9 de abril de 2008 às 07:36  

Anelie fico muito feliz por ter lhe ajudado de alguma forma. Seu depoimento é um estímulo para nosso prosseguimento.

Anônimo,  26 de setembro de 2008 às 14:35  

Olá, farei uma prova na faculdade onde usaremos alguns conceitos de Winnicott e seu testo me ajudou muito, ele é bastante claro e objetivo, parabéns.
Obs.: O testo poderia falar mais sobre Handing.
Abraços

Anônimo,  29 de setembro de 2008 às 10:56  

Hello...
Meu nome é João. Estudo na Universidade São Judas Tadeu em São Paulo, quarto ano. Estou estudando a Teoria do Amadurecimento de Winnicott. Quero aqui registrar o quanto gostei do trabalho de vocês. Bastante objetivo e de fácil compreensão para um primeiro olhar sobre a teoria Winnicottiana. PARABÉNS.

O bEM viVER 5 de fevereiro de 2009 às 10:21  

Olá, gostei de todos os seus textos, Parabéns! (Só não estou conseguindo acompanhar o blog).

Olha, trabalho com a educação infantil e crianças de um modo geral. Fiz uma monografia na qual tinha a contribuição de Winnicot ao jogo. A partir daí, não me esqueci de seu nome.

Abç,

Lena

Lê Silvério "Minhas Mensagens" 16 de novembro de 2011 às 14:11  

Olá,
Sou estudante do 3º ano de Psicologia e parabenizo-os pelos textos. São objetivos e claros, de forma a facilitar uma primeira leitura sobre o tema.

Agradeço.
Abraços

Letícia

Nuccia Gaigher 16 de novembro de 2011 às 14:23  

Agradeço muitíssimo por prestigiar nosso espaço aqui na net.
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